Se estas fossem receitas normais, esta devia chamar-se Minch à Macaense, mas dá-se o problema de eu nem sequer saber se Minch se escreve assim quanto mais saber a receita original. Sei que a há, que é uma espécie de bolonhesa que, sabendo-a feita em Macau adivinho uma fusão entre ocidente e oriente e que é bom. O que para mim chega para me por a inventar. Inventar o quê? Isto.
Preparei uma carne picada adicionada com meio chouriço picante Damata, 1 cebola e 4 ou 5 dentes de alho picados no 1,2,3. Numa tigela acrescentei sal, pimenta branca e preta, cominhos em pó e em quantidade, louro em pó, alecrim em folhas (é aquele que em vez de ser um pacote de folhinhas tem uns pauzinhos, dá muito mais aroma à comida) e... molho de soja. E misturei tudo. Porquê molho de soja? Porque tenho uma vaga ideia de que a verdadeira receita o leva de facto e porque era a única coisa "oriental" que me soava cair ali bem, talvez por ser também a única que tinha em casa (o caril não conta aqui, é doutro oriente).
Desfiz depois a carne, que nesta fase tem mais aspecto de mistela que da dita, num tacho com um pouco de azeite e vinho branco - acrescentei mais vinho e molho de soja depois da carne devidamente soltinha - sobre a arte de não engranular o picado remeto para a leitura do meu livro onde está devida e detalhadamente explicada.
Ora o que acabei de explicar, tirando a soja, é, mais tempero, menos tempero, a forma como faço qualquer bolonhesa para o seu esparguete. Mas o que eu cozi foi arroz, Basmati. E mais, cortei umas batatas, 2 pequenas, para fritar cortadas em pequenos cubos e fiz chá preto.
Eu gosto de chá, para uma pausa, mas não as faço a cozinhar, não consigo fazer como as mulheres - permito-me generalizar por ser elogioso - que conseguem deixar tudo ao lume e ir fazer outra coisa (que não costuma ser ir beber chá...). Não, eu tenho que ficar ali a tomar conta senão fico nervoso. Para que era então o chá? Para dois propósitos. Por agora, para acrescentar à carne mal esta comece a secar após absorvido o vinho branco em que cozinhou inicialmente. Só o suficiente para manter um pouco de molho que esta bolonhesa não se quer muito líquida.
Corro um risco que não aconselho, nunca provo os meus cozinhados para rectificar os temperos. Confio no instinto para a intenção, na "não" para o tempero, o sal. Sabe deus (se souber) porquê, a coisa sai-me bem mas não se perde nada em ver pelo menos como está a coisa de sal antes de fechar o lume. Cozinhe uma boa meia hora com a tampa a quase tapar o tacho.
Nunca sirvo nada empratado, cada um tem o direito de comer quanto e como quiser, mas este tem instruções para comer. No prato, deve colocar-se o arroz, depois a carne e adicionar alguns cubos de batatas fritas. Um pouco, Pouco, de molho da carne e... regar com chá preto que, sendo opcional - há quem goste mais só com o molho da carne - é para mim o que confere mais originalidade gustativa a este prato. Depois, à boa maneira oriental, ou para evitar injustos preconceitos, à boa maneira arcebispal, mistura-se tudo, carne com arroz com batatas com molho com chá e toca a comer que já se vai fazendo tarde e isto até nem fica com mau aspecto (aqui, as minhas desculpas. Adiei a foto para o produto final já no prato mas a gula sobrepôs-se).